
Data Lake, Lakehouse ou Data Mesh?
“Então a gente vai migrar para o Data Lakehouse ou para o Data Mesh?”
“Ué, não é tudo a mesma coisa?”
“Não! Lake é uma coisa, Lakehouse é outra, Mesh é outra… e nada disso vai funcionar se a gente continuar sem entender o que é um produto de dados!”
Data Lake ≠ Lakehouse
Muita gente ainda acredita que jogar arquivos Parquet no S3 ou no ADLS é o suficiente para ter um Lakehouse. Não é!
Isso é só um Data Lake, e por mais útil que ele seja para armazenar dados brutos, ele não garante estrutura, governança ou confiabilidade para uso analítico sério.
Um verdadeiro Data Lakehouse precisa ter:
- Transações ACID
- Evolução e aplicação de esquema
- Controle de versões
- Time travel (viagem no tempo dos dados)
- Catálogo com controle de acesso e linhagem
Sem isso, o que você tem é um Data Lake com boas intenções… mas resultados bagunçados.
Lakehouse ≠ Data Mesh
Agora o erro mais comum: achar que Lakehouse e Data Mesh são abordagens opostas ou concorrentes.
- Lakehouse é uma arquitetura técnica, centrada em como armazenar e processar dados de forma escalável e governada;
- Data Mesh é uma abordagem organizacional, sobre como os dados são organizados, compartilhados e operados de forma distribuída e orientada a domínios.
Eles não competem. Pelo contrário, se complementam perfeitamente.
Um Lakehouse pode ser a base tecnológica que viabiliza o Mesh.
Como isso se conecta na prática?
Pense assim:
- O time de Marketing pode ter seu próprio Lakehouse, governado e com dados organizados para seus casos de uso;
- Esses dados podem ser disponibilizados como produtos de dados para outros domínios (ex: Vendas, Financeiro);
- A plataforma central garante os recursos de infraestrutura (como ingestão, versionamento, controle de acesso), mas sem virar gargalo;
- Resultado: cada domínio tem autonomia com responsabilidade, com um plumbing sólido por trás.
O exemplo clássico da “receita”
Vamos falar de um exemplo clássico de domínio e produto de dados bem definido: Receita (sim, aquela linha do DRE).
Em muitas empresas, só a Sofia, do Financeiro, sabe de verdade o que é “receita”. Isso é um problema.
Entenda:
- “Receita” pode ter diferentes versões: contábil, líquida, projetada, realizada;
- Se isso não estiver documentado e governado como um produto de dados, ninguém mais confia. Nem usa;
- Resultado: você tem um Data Lake cheio e decisões vazias.
Agora imagine o contrário:
- O time de Finanças publica um produto de dados chamado “Receita”, com definição clara, responsável, versionamento, e pronto para consumo;
- Outros domínios usam esse produto com confiança, sabendo que é atualizado, governado e rastreável.
Isso é o espírito do Data Mesh.
Isso é o valor de pensar dados como produtos.
O problema real
O problema não é a arquitetura. O problema é que:
- A gente chama tudo de Lakehouse…
- Esquece o produto…
- Descentraliza a posse, mas centraliza a bagunça…
- E projeta para buzzwords, em vez de projetar para valor de negócio.
Recapitulando
Conceito | Foco Principal | Exemplo prático |
Data Lake | Armazenamento bruto | Parquet no S3, sem controle de versão |
Lakehouse | Estrutura + Governança | Snowflake, Databricks, Delta, Iceberg, Hudi com catálogo |
Data Mesh | Organização e operação dos dados | Produtos de dados por domínio |
Produto de dados | Entrega com valor e confiança | Receita como produto confiável e documentado |
Se você quer realmente evoluir sua arquitetura de dados, comece pelas perguntas certas:
- Quais são os produtos de dados que meus times oferecem?
- Quem é responsável por eles?
- Estão bem definidos, versionados, governados?
- Estão prontos para serem consumidos com confiança?
Conclusão: O que realmente importa
Chegou a hora de parar de discutir siglas e começar a entregar valor!
Data Lake, Lakehouse, Data Mesh — não são escolhas excludentes, são peças complementares de uma estratégia moderna de dados.
Mas nada disso faz sentido se você:
- Não define claramente o que é um produto de dados;
- Não capacita os domínios para produzir e consumir dados com responsabilidade;
- E continua deixando a Sofia ser a única guardiã da informação crítica.
O verdadeiro diferencial competitivo não está na arquitetura mais hypada, mas na capacidade de transformar dados em ativos confiáveis, reutilizáveis e orientados ao negócio.
Portanto, menos briga de buzzwords e mais foco em produto de dados.
Porque, no fim, o que vai mover sua empresa não é o lago, nem a malha — é a receita. E ela precisa estar no centro.
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